3.4.1. O papel da Comunicação Social

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Junho 17, 2012 por jornalistasvsfontes

Os jornalistas do “Expresso” e do “Público” começaram a investigar a suposta licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente. O Primeiro-ministro, na época, deixou que um jornalista do “Público” tivesse acesso aos seus documentos da licenciatura mas só após ter contactado Luís Arouca. O vice-reitor que como já referi estava envolvido em corrupção.

 

A 4 de Abril de 2007 o “Público” noticia que não existiu licenciatura em Engenharia Civil no ano em que Sócrates acabou o curso. “Em declarações ao PÚBLICO, o assessor de imprensa do primeiro-ministro, Luís Bernardo, reafirmou que «o primeiro-ministro acabou a licenciatura em 1996», remetendo qualquer explicação sobre o resultado do estudo para a UnI. «Isso não é um problema do primeiro-ministro. A questão terá de ser colocada à UnI e ao Ministério do Ensino Superior.» (…) De acordo com o levantamento estatístico Diplomados (1993/2002), elaborado em 2004 pelo Observatório da Ciência e do Ensino Superior (OCES), só se licenciaram na UnI, no ano de 1996, alunos dos cursos de Ciências da Comunicação (67) e de Relações Internacionais (25).  Na página 177 do documento do OCES pode ler-se que, para o curso de Engenharia Civil, os primeiros diplomados só surgem em 1997/98 (…) há três semanas, o primeiro-ministro, o antigo reitor da instituição e o então director do departamento de Engenharia Civil garantiram que, logo em 1996, quando o curso tinha apenas dois anos, houve alunos, transferidos de outras instituições, a frequentar cadeiras dos terceiro e quinto anos da licenciatura em Engenharia Civil, entre os quais estava o próprio José Sócrates”.O processo continuou sempre de uma forma irregular. Numa semana os jornalistas do “Público” receberam o dossier de Sócrates pelas mãos do vice-reitor que lhes garantiu estarem lá todos os documentos existentes e depois na semana seguinte jornalistas do “Expresso” recebem mais documentos no mesmo dossier. O “Público” chegou mesmo a dizer que o dossier do “Expresso” tinha “(…) cinco alegadas pautas, cada uma correspondendo às cadeiras que constam do certificado de licenciatura de José Sócrates. A de Inglês Técnico aparece com a assinatura de Luís Arouca e as restantes, todas da área das estruturas, com a assinatura de António José Morais. Não foram, contudo, incluídos no dossier mostrado ao “Expresso” outras duas “pautas” reveladas ao PÚBLICO. Nessas folhas, que são uma grelha do plano de curso, com a carga horária e a designação de cada disciplina, foram acrescentadas as notas de Sócrates. Comparadas as notas aí apresentadas com as que constam do certificado de habilitações, conclui-se que as avaliações finais são díspares em três cadeiras. Na disciplina de Betão Armado e Pré-Esforçado, a nota manuscrita é 17 e no certificado é 18”.  O caso arrastou-se e Sócrates chegou mesmo a ameaçar os jornalistas por insistirem em querer saber sobre a sua suposta licenciatura. A Entidade reguladora da Comunicação teve que se envolver neste processo porque os jornalistas acusaram o governo de lhes querer condicionar as informações a passar. Mais uma vez se comprovou que os jornalistas foram os donos da mensagem porque apesar de todas as barreiras que lhes colocaram não pararam de pesquisar e de transmitir as informações.

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